Pimenta produzida por mulheres indígenas do Amazonas chega aos mercados de São Paulo
Produzida pelas mulheres indígenas do Amazonas, a pimenta Jiquitaia está a venda na rede de supermercados Pão de Açucar. A produção da pimenta traz uma história de protagonismo e empreendedorismo feminino no noroeste do Amazonas, na Terra Indígena Alto Rio Negro.
A pimenta é cultivada exclusivamente por mulheres do povo indígena Baniwa em um processo de plantio sustentável, contribuindo para a geração de renda e o desenvolvimento de toda a região. A renda obtida é repassada para cerca de 80 produtoras e gerentes das Casas da Pimenta, que formam uma rede de unidades de beneficiamento e envase em comunidades da bacia do Rio Içana.
O produto está à venda em sete lojas da rede na cidade de São Paulo (Jardim Paulista, Real Parque, Clodomiro Amazonas, Ricardo Jafet, Sócrates, Shopping Iguatemi e Praça Panamericana) a R$ 29,90 o pote de 15g. A previsão é que a venda seja ampliada para outras unidades da rede de supermercados em outras cidades do Brasil.
Os Baniwa gostam de dizer que os potinhos são como livros que as comunidades indígenas enviam para o mundo ler. A pimenta jiquitaia é considerada “alimento para corpo e alma”, com diversos usos tradicionais.
Força e inspiração
“A história das mulheres indígenas Baniwa é uma fonte de inspiração para todas nós. Essas mulheres lideraram o processo de produção das pimentas jiquitaias, contribuindo diretamente para o desenvolvimento de toda a comunidade Baniwa”, relata Camila Assis, Gerente de Marketing do Pão de Açúcar.
Essa força das mulheres Baniwa foi a história escolhida pelo Pão de Açúcar para a homenagem do 8 de março deste ano porque exemplifica como as mulheres estão protagonizando práticas de produção sustentável ao mesmo tempo em que transformam as suas comunidades por meio dessas iniciativas.
“As mulheres têm exercido um papel fundamental de liderança na transformação de seu dia a dia a partir de práticas sustentáveis, e com a força das indígenas Baniwa conseguimos apresentar um exemplo prático dessa realidade”, ressalta Assis.
A pimenta
Jiquitaia é uma mistura de pimentas desidratadas e piladas com sal com sabor levemente defumado e alta picância. São, ao todo, 78 variedades de pimenta registradas nas roças e quintais Baniwa, entre elas as pimentas bico de mutum, bunda de saúva, jaburu, roxa, malagueta, bode, braço de camarão, dente de onça, bico de peixe lápis, branca, fruta de abiu e a jolokia baniwa.
Na culinária do Rio Negro, a jiquitaia é usada para realçar o sabor de pratos como a quinhapira (caldeirada de peixe) ou na carne de caça. O projeto da Pimenta Baniwa é fruto da parceria entre a Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto ATÁ. A marca foi criada em 2013 com a inauguração da primeira central de beneficiamento de pimenta liquitaia – Casa de Pimenta Dzooro – e conta hoje com outras quatro unidades distribuídas ao longo do território Baniwa.
A Pimenta Baniwa pode ser encontrada também em mais de 30 pontos de venda espalhados pelo Brasil, Estados Unidos e Peru. Como insumo, a pimenta faz sucesso na cerveja Baniwa Chilli, produzida na Irlanda pela Hopfully Brewing, nos chocolates da Na’kau e no molho de açaí da Soul Brasil.
O povo Baniwa
Os Baniwa são um povo indígena de língua Aruaque, com uma população estimada de 15 a 18 mil pessoas. Vivem em cerca de 200 comunidades e sítios, como parte do complexo cultural do noroeste amazônico, nas cabeceiras da bacia do Rio Negro, entre Brasil, Colômbia e Venezuela. No Brasil, os Baniwa são os ocupantes milenares da bacia do Rio Içana, onde estão localizadas 95 comunidades e sítios que abrigam entre 7 a 8 mil pessoas.
Para saber mais sobre os Baniwa no site Povos Indígenas do Brasil, clique aqui.
Origens Brasil
A Pimenta Baniwa faz parte da rede Origens Brasil, que surgiu para dar mais transparência às cadeias de produtos da floresta e ajudar os consumidores a identificar empresas e produtos que valorizam e respeitam os territórios de diversidade socioambiental. Funciona como uma rede que conecta produtores com compradores e consumidores finais e está presente em quatro territórios: Xingu, Calha Norte, Rio Negro e Solimões, com foco em produtos como óleos vegetais, resinas, sementes, frutos, farinha, pimenta, amendoim, mel, peças de vestuário e bijuterias. O modo de extração ou de produção contribuem positivamente para manter o patrimônio socioambiental das populações envolvidas.
Esse produto compõe o portfólio do Programa Caras do Brasil, do Pão de Açúcar, que há 18 anos viabiliza o acesso desses(as) fornecedores(as) ao grande varejo, disponibilizando nas lojas itens típicos das cinco regiões brasileiras e, promovendo assim, o reconhecimento e a valorização dos produtos e dos(as) produtores(as) com o fortalecimento da regionalização e a cultura nacional a partir dos alimentos.
Por Ciclovivo
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