Amazônia brasileira emitiu mais carbono do que absorveu na década de 2010
Em artigo publicado no jornal acadêmico Nature Climate Change, na última quinta-feira (29), uma equipe internacional de cientistas apontaram que, entre 2010 e 2019, a Floresta Amazônica brasileira liberou mais carbono do que armazenou. Os resultados foram obtidos por meio de dados de satélite e são especialmente preocupantes porque mais de 60% do bioma está localizado no Brasil.
Os autores da pesquisa atribuem a liberação de carbono da floresta ao fato dela estar sendo degradada devido à atividade humana e eventos climáticos. Eles estimam que os danos florestais são responsáveis por três vezes mais emissão de carbono do que o desmatamento.
“Todos nós sabemos a importância do desmatamento da Amazônia para as mudanças climáticas globais”, afirma Stephen Sitch, coautor da pesquisa e pesquisadore do Instituto de Sistemas Globais de Exeter, no Reino Unido, em comunicado. “Ainda assim, nosso estudo mostra como as emissões dos processos de degradação florestal associados podem ser ainda maiores.”
Os cientistas ainda afirmam que a degradação é causada não apenas por secas, que aumentam a mortalidade das árvores, mas também pela derrubada da floresta e por incêndios florestais. Logo, o dano tem uma forte ligação com o desmatamento, principalmente em porções da amazônia brasileira que estão próximas a áreas desmatadas.
Não por acaso, a pesquisa revela que houve um aumento no desmatamento em 2019: a floresta perdeu 3,9 milhões de hectares. Em cada um dos dois anos anteriores, a devastação foi de cerca de 1 milhão de hectares.
Para avaliar a mudança no estoque de carbono na Amazônia Brasileira, os pesquisadores utilizaram uma nova técnica de monitoramento do desmatamento desenvolvida pela Universidade de Oklahoma. Além disso, eles consideraram o índice de vegetação de satélite L-VOD, usado por cientistas nos últimos anos para estimar a quantidade de biomassa em florestas tropicais.
Os autores do novo estudo acreditam que a mudança de governo em 2019, marcada pela posse do presidente Jair Bolsonaro, trouxe diminuição à proteção ambiental no país. O desmatamento naquele ano foi 30% maior do que em 2015, quando ocorreram secas extremas, causadas pelo fenômeno meteorológico do El Niño.
Embora a liberação de carbono durante as secas de 2015 tenha sido maior do que em 2019, a seca aumentou muito a taxa de morte das árvores e o número de incêndios florestais. Ainda assim, a porção desmatada em 2019 foi bem maior do que o impacto que o El Niño teve na floresta.
Por Revista Galileu
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