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Queimadas e desmatamento estão relacionados na Amazônia; entenda

Por Fabio Manzano, G1

As queimadas na Amazônia têm relação direta com o desmatamento, afirmam especialistas ouvidos pelo G1. O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio. É o chamado “ciclo de desmatamento da Amazônia”.

“Basicamente sempre quando se desmata, tem queimada. Essa é uma maneira viável de se livrar de todo o mato. A queimada também ajuda a preparar o solo para a plantação. Serve para diminuir a acidez do solo, um problema na Amazônia, e deposita nutrientes” – Philip Fearnside, biólogo e cientista norte-americano

O “ciclo de desmatamento” tem como base a tentativa de ocupação desregrada de terras da União, inclusive em áreas protegidas, como verificou o Desafio Natureza no Pará. “Ocupa-se a área pública, e é feito o desmatamento como forma para valorizar a terra e vender”, explicou Tasso Azevedo, coordenador-técnico do Observatório do Clima e coordenador-geral do MapBiomas.

Após o fogo, o pasto costuma ser o primeiro passo na consolidação da tomada da terra. Nos casos em que a ocupação não é contestada e a terra é de qualidade, o próximo passo é a exploração pela agricultura.

Caminho da mudança da terra na Amazônia — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Onde há fumaça, há fogo

Nesta quinta-feira (22), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) listou que os dez municípios que mais tiveram focos de incêndios florestais em 2019 também foram os que tiveram as maiores taxas de desmatamento.

“Todo ano acontece isso: quando você desmata uma área para implementar pastagem ou agricultura, o que acontece é que você tem que se livrar daquela biomassa” – Ane Alencar, diretora de ciências do Ipam

Focos de queimadas registrados pelo Inpe, com dados gerados no dia 22. — Foto: Reprodução/Inpe

O pesquisador e coordenador do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Alberto Waingort Setzer, comentou que todas as queimadas na Amazônia são de origem humana e que elas podem ser propositais ou acidentais.

A queima após o desmate para fazer uma plantação de soja, por exemplo, é uma ação humana proposital. No caso de um visitante que joga uma bituca de cigarro na mata, é uma causa acidental.

O chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas da agência espacial norte-americana (Nasa), Douglas Morton, também defendeu que as queimadas na Amazônia ocorrem principalmente em decorrência do desmatamento da floresta. Segundo ele, os incêndios consomem troncos de árvores expostos ao sol após as derrubadas.

Empobrecimento do solo

O geógrafo José Carlos Ugeda alertou para os perigos da prática que ele considerou ultrapassada. Além dos claros riscos de incêndios florestais, ele explicou que as queimadas podem – a longo prazo – destruir a “vida” do solo.

“A queimada dá nutrientes para o solo, mas a parte biológica – que vai processar a matéria orgânica – vai ser prejudicada. Esta prática do fogo é escolhida por ser rápida, mas se é feita de maneira repetida, reduz significativamente a vida no solo.”

Ele comparou o solo a um “corpo vivo” que não depende apenas dos nutrientes de origem mineral, mas também dos micro-organismos responsáveis pelo equilíbrio daquele ambiente e alertou que ao não se respeitar os limites do solo, cria-se uma dependência de adubos químicos para dar sequência aos cultivos.

Importância das reservas florestais

Ugeda, que também é professor do departamento de geografia da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), ressaltou a importância da preservação das áreas de floresta responsáveis pela manutenção da fauna e flora, por conta do controle do clima.

“A Amazônia regula, em boa medida, a chuva do Centro-Oeste. Um desmatamento estrutural na floresta pode provocar impactos em todo o sistema de superfícies e da circulação do ar na atmosfera.”

Por sua parte, Fearnside alertou para o registro de pontos de calor – indicativos de queimadas – em áreas protegidas. “Essas florestas são muito importantes para manter todo seu papel de clima, biodiversidade e estão sujeitos a ser perdidos de várias formas”, disse.

Este especialista considerou este ano como “completamente anormal” e “fora da faixa histórica de queimadas” e ressaltou as ações do “Dia do Fogo”, quando grupos do sul do Pará organizaram queimadas no final de semana de 10 de agosto. O pico de queimadas ocorreu nos municípios de Novo Progresso e Altamira.

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