Nível de CO2 na atmosfera da Terra atinge maior pico desde o início das medições
No último dia 5 de junho, foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. O evento deste ano, que teve como tema Reimagine. Recrie. Restaure, propôs uma série de medidas que visam a recuperação dos ecossistemas da Terra, além de alertar sobre a urgência de reduzirmos a emissão de gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO2) — principal agente do efeito estufa. No entanto, novas medições dos níveis de poluentes na atmosfera revelaram que as concentrações de CO2 chegaram a um recorde nunca visto pelos cientistas nas leituras modernas; isto é, desde que começaram a fazer medições atmosféricas precisas, há 60 anos.
Segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, sigla em inglês), dos EUA, o mês de maio também registrou os maiores níveis de CO2 deste ano, concentrando uma média de 419,13 partes por milhão (ppm). O cientista climático Pieter Tans, do Laboratório de Monitoramento Global da NOAA, diz que “estamos adicionando cerca de 40 bilhões de toneladas métricas de poluição de CO2 à atmosfera por ano”. Ele ainda reforça que, se quisermos evitar uma mudança climática catastrófica, a maior prioridade deve ser a redução dos níveis de dióxido de carbono a zero, urgentemente.
Tans e sua equipe também descobriram que, em um passado distante, a Terra tinha os mesmos níveis de CO2 da atmosfera atual. Segundos os pesquisadores da NOAA, o plioceno, isto é, o período entre 4,1 e 4,5 milhões de anos atrás, foi a última vez em que os níveis de dióxido de carbono atingiram picos tão grandes, e isto também mantinha a temperatura média global entre 2 a 3 °C acima do registrado no período pré-industrial. Para chegar a essa conclusão, foi necessário analisar a composição de isótopos de carbono presentes em sedimentos marinhos de diversas partes do oceano ao redor do mundo.
No plioceno, a temperatura global era tão alta que as regiões polares não eram congeladas, o que contribuiu para um oceano 20 metros mais elevado do que é hoje. Se o aquecimento global continuar acelerando o atual processo de descongelamento dos polos, podemos estar a apenas algumas centenas de anos de um retorno a essas mesmas condições do plioceno. Mas os cientistas alertam que, mesmo antes disso, a projeção do aumento no nível do mar até o fim deste século já prevê o deslocamento de centenas de milhares de pessoas que vivem em região costeiras.
Outras medições confirmam os dados divulgados pela NOAA, como é o caso de um levantamento conduzido pela Scripps Institution of Oceanography, que calculou uma média de 418,92 ppm para maio deste ano. Somente em alguns dias de 2021, a pesquisa registrou alarmantes níveis diários superiores a 420 ppm.
É um cenário assustador, dizem os cientistas, mas não precisa ser assim. “A energia solar e eólica já são mais baratas do que os combustíveis fósseis e funcionam na escala necessária”, acrescenta Tans. Vale lembrar que, no Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas lançou, oficialmente, a campanha de redução de CO2 na atmosfera e a recuperação dos ecossistemas — terrestres e aquáticos —, e apresentou uma série de medidas pelas quais podemos contribuir de maneira individual e coletiva.
Por Canaltech
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