Cientistas desvendam mistérios dos peixes ‘ultra-pretos’ que nadam nas escuras profundezas dos oceanos
Para peixes que habitam a imensa escuridão do mar profundo, ser “ultra-pretos” permite grande capacidade de camuflagem em um mundo em que peixes comem peixes. Cientistas dos Estados Unidos que estudam algumas dessas criaturas exóticas agora desvendam o segredo dessa coloração escura.
Esses peixes abissais modificaram a forma, o tamanho e a disposição do pigmento em suas peles para que reflitam menos do que 0,5% da luz que os atingem, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (16).
Eles estudaram 16 espécies que se encaixam nessa definição de “ultra-preto”. Há seis diferentes ordens de peixe — grandes grupamentos em que cada um divide história evolutiva. Essas ordens indicam que essas modificações evoluíram independentemente em todos eles.
Outro ângulo mostra pele escura do dragão preto do pacífico, outro peixe ‘ultra-preto’ — Foto: Karen Osborn/Smithsonian/Handout via REUTERS
“Nas profundezas do oceano aberto, não há onde se esconder e há um monte de predadores famintos”, diz a zoologista Karen Osborn, do Museu de História Nacional do Instituto Smithsonian, em Washington, co-autora de uma dessas pesquisas recentemente publicadas na revista “Current Biology”.
“A única opção de um animal é ‘se misturar’ com os arredores”, completa.
Pouquíssima luz solar penetra a mais de 200 metros abaixo da superfície oceânica. Alguns desses peixes vivem a 5 mil metros de profundidade.
Nessas profundidades, bioluminescência — emissão de luz por organismos vivos — é a única fonte de luz. Alguns dos peixes “ultra-pretos” têm estruturas que funcionam como iscas bioluminescentes para atrair as presas perto o bastante para que, então, possam se alimentar delas.
Por que isso acontece?
Mecanismos presentes na pele do peixe-ogro (“Anoplogaster cornuta”) evitam que luz escape e ajudam o bicho a se proteger — Foto: Karen Osborn/Smithsonian/Handout via REUTERS
A pele desses peixes está entre os materiais mais escuros conhecidos e absorve a luz de maneira tão eficiente que mesmo diante de luz brilhante eles parecem ser silhuetas, explica Osborn após tentar fotografá-los ao trazê-los à superfície.
A melanina é abundante nessa pele e se distribui de maneira pouco usual. Ao “empacotar” melanossomos — estruturas preenchidas com pigmento nas células da pele — em camadas contínuas na superfície da pele bem geométricas, o peixe assegura que essencialmente toda luz que atingir esses “pacotes” não escapará.
Por G1
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