Cachorro-vinagre é visto pela 1ª vez em reserva de Goiás
Um indivíduo de uma espécie ameaçada de extinção foi visto pela primeira vez na Reserva Natural Serra do Tombador, localizada em Cavalcante, no interior de Goiás, quase na divisa com Tocantins. Trata-se do cachorro-vinagre (Speothos venaticus), um dos canídeos neotropicais mais raros e menos conhecidos em ambiente selvagem. Apesar de eles já terem sido encontrados em diferentes biomas brasileiros, ainda hoje há pouca informação sobre a espécie.
O registro reforça a importância de áreas protegidas para contribuir com a preservação de espécies ameaçadas de extinção e de seus habitats. “Esse animal ocorre principalmente em áreas pouco alteradas por ações humanas, ou seja, áreas bem conservadas. É muito raro conseguir registrá-lo em seu habitat natural. Além disso, o animal é considerado vulnerável na listagem de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente”, conta André Zecchin, administrador da Reserva Natural Serra do Tombador, mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
O cachorro-vinagre é um dos menores canídeos silvestres do Brasil, tendo cerca de 20 centímetros de altura e pesando entre 5 e 8 quilos. Sua pelagem é marrom-amarelada, com orelhas redondas e patas curtas. São carnívoros semiaquáticos e os únicos canídeos brasileiros que caçam em bando. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o cachorro-vinagre tem como principal ameaça a degradação de seu habitat e doenças, como a raiva.
“O cachorro-vinagre gosta de viver próximo de cursos d’água e alimenta-se principalmente de mamíferos de médio porte, como paca, cutia e tatu, com uma dieta exclusivamente carnívora. Embora seja considerada uma espécie rara, é um animal que tem uma ampla distribuição: do sul do Panamá até o nordeste da Argentina”, explica o biólogo Roberto Fusco, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Serra do Tombador
A Reserva Natural Serra do Tombador é mantida pela Fundação Grupo Boticário desde 2007. O espaço tem como objetivos primários a proteção de uma parcela significativa do Cerrado e a realização de pesquisa científica. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a reserva está em uma região de prioridade extremamente alta para a conservação da biodiversidade. Possui uma área equivalente a 9 mil campos de futebol de Cerrado, bioma que abriga as nascentes das três principais bacias hidrográficas do Brasil.
A área engloba formações vegetativas, relevo e componentes da fauna e flora únicos, não presentes em outras UCs. “É um tipo de Cerrado semelhante ao que existia na região da Serra da Mesa antes da formação do reservatório, e que não está presente em nenhuma das unidades de conservação de proteção integral do Cerrado”, está descrito no Wikiparques, portal interativo que compartilha conhecimento e informações completas sobre todos os parques do país.
Por Ciclovivo
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