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Madagascar vai plantar 60 milhões de árvores

Madagascar deu início a um ambicioso projeto: o plantio de 60 milhões de árvores nos próximos meses. A ilha celebra 60 anos da sua independência e lançou, no início de janeiro, sua maior campanha de reflorestamento.

A ação vai de encontro ao posicionamento do presidente Andry Rajoelina, que prometeu recuperar as florestas de Madagascar. “O governo tem o desafio de fazer que Madagascar seja uma ilha verde outra vez. Eu encorajo as pessoas a protegerem o meio ambiente e as nossas florestas, defendendo o futuro das próximas gerações”, declarou o presidente no discurso de lançamento da campanha de reflorestamento.

Centenas de pessoas participaram da cerimônia, na cidade de Ankazobe. De acordo com o Ministro do meio Ambiente de Madagascar, Alexandre Georget, em poucas horas cerca de 1 milhão de árvores haviam sido plantadas em 500 hectares.

Madagascar é a ilha mais antiga do mundo e a quarta maior em tamanho, ocupando uma área de 59 milhões de hectares, abrigando uma grande diversidade de fauna e flora. De acordo com o Global Forest Watch, entre 2001 e 2018, o país perdeu 1/5 das suas florestas, principalmente por conta da expansão agrícola.

O desmatamento das florestas em Madagascar representa a extinção de muitas espécies endêmicas que não são encontradas em nenhum outro local do planeta.

Uma campanha nacional

Meses de planejamento e um grande esforço nacional para acumular sementes e produzir mudas culminaram no lançamento da campanha de reflorestamento, que foi muito divulgada no país. A ação envolveu a participação de ONGs, escolas, órgãos públicos e o do exército.

Rajoelina estava vestido com uma camiseta e calças jeans e deu início ao plantio plantando uma semente. Após a cerimônia, ele ajudou crianças, interagiu com a população e foi fotografado com uma enxada na mão, sujo de terra. Mas especialistas alertam que o grande esforço para recuperar as florestas vai acontecer depois que as mudas estiverem plantadas.

Problemas ambientais e sociais

Para a temporada de plantio, que vai até abril, o governo federal quer que 60 milhões de mudas sejam plantadas em 40 mil hectares. Especialistas acreditam que esta seria uma grande conquista, principalmente em um país em que quase 80% da população não tem acesso à rede elétrica e o corte de árvores para cozinhar é uma prática comum.

Conciliar as necessidades imediatas da população carente de Madagascar, o impacto de longo prazo desta condição, e a promessa de parar o desmatamento pode ser uma tarefa complicada. Existe uma expectativa grande em relação à capacidade do presidente em manter suas promessas em relação ao meio ambiente.

Foto: Mongabay

Inspiração no presidente

Esta não é a primeira campanha de reflorestamento de Madagascar, mas a participação ativa do novo presidente é um grande diferencial – muitas pessoas se dizem inspiradas pelo seu compromisso e estão participando do plantio de mudas pela primeira vez.

Cerca de 200 mil sementes foram plantadas para a cerimônia de lançamento da campanha e cerca de 100 milhões de sementes foram distribuídas para centros regionais ligados ao Ministério do Meio Ambiente e parceiros. A distribuição de sementes foi realizada de forma gratuita para instituições e ONGs ambientais.

O governo está tentando um equilíbrio entre as espécies nativas e outras espécies, que podem ajudar a compor agroflorestas. Entre elas estão árvores frutíferas que podem gerar uma produção importante no futuro.

Próximos passos

Garantir o crescimento das árvores vai ser outra tarefa difícil. “Temos que estimular as pessoas a deixarem as árvores crescerem antes de colher suas frutas ou cortá-las para fazer fogo” conta Mamy Rakotoarijaona, diretor dos Parques Nacionais de Madagascar. Apesar de serem áreas protegidas, os parques nacionais também são desmatados e se tornaram locais valiosos na campanha pelo reflorestamento.

Para levar a campanha a áreas remotas do país, o governo planeja usar drones e aviões. Na cerimônia de lançamento, cerca de 5 toneladas de bolas de sementes foram lançadas sobre uma área de 500 hectares por um avião. Cada bola era composta por terra e 25 sementes e a estimativa é de que cerca de 60% delas germinem. Segundo o ministro do meio ambiente, esta técnica eliminaria o custo e o impacto ambiental dos sacos plásticos usados no transporte de muda.

Foto: Mongabay

Manter o foco e a fiscalização

A longo prazo, a preocupação é manter o foco e o compromisso com a campanha e, neste cenário, o presidente Andry Rajoelina reforçou a importância de se atingir objetivos concretos.

“Desta vez, a ação vai ser continua, vamos acompanhar os resultados de perto. O governo vai recrutar guardas para monitorarem as árvores plantadas”, assegurou o ministro Alexandre Georget.

A Alliance Voahary Gasy, uma coalisão das ONGs locais, defende o envolvimento ativo das comunidades locais. A organização apoia o plantio em larga escala, mas alerta para a importância do governo ser atuante na fiscalização contra crimes ambientais, inclusive por parte de órgãos federais e membros do Estado.

O plantio de milhões de sementes criou um clima de otimismo e engajamento no país, mas a campanha precisa se fortalecer após o lançamento. O próprio ministro do meio ambiente, declarou, após o plantio de uma árvore, que não poderia afirmar que a muda iria sobreviver. “Não Podemos nos esforçar em um dia e, no outro dia, desistir”.

Por Ciclovivo

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