Desmatamento e eucaliptos ameaçam aves e anfíbios da Mata Atlântica em SP
Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, e da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em parceria com o Museu de Zoologia da Alemanha, analisaram 47 áreas de Mata Atlântica no nordeste de São Paulo e concluíram que a diversidade de anfíbios e aves está sendo prejudicada na região devido ao desmatamento e o surgimento de monoculturas de eucalipto.
Os especialistas apontam que os animais têm sofrido com as mudanças de uso da terra, que levam a alterações na composição de parte da fauna. Suas conclusões estão em um estudo, publicado em 27 de abril na revista Biological Conservation.
De acordo com a pesquisa, a exploração da Mata Atlântica tem levado à sobrevivência principalmente das espécies invasoras, que são aquelas que se reproduzem de modo descontrolado, ameaçando o ecossistema.
Apenas entre 11% e 16% da área original da floresta permanece intacta, segundo comunicado. O problema se agrava porque desde a década de 1970 as monoculturas de eucalipto têm cada vez mais surgido em áreas desmatadas. Para entender o impacto dessa questão nas aves e anfíbios, os pesquisadores consideraram oito parâmetros ambientais.
Os indicadores mostravam quando certos “limites” eram excedidos no ecossistema até alterar a diversidade. De acordo com Raffael Ernst, coautor da pesquisa, tais barreiras foram definidas localmente de modo muito mais elevado do que o aconselhável – tanto que o uso da terra já altera de maneira visível a composição das espécies.
“Especificamente, o florestamento maciço com eucalipto está causando a expansão de espécies invasoras, como a rã-touro americana [Lithobates catesbeianus]”, cita Ernst. “Enquanto isso, estão desaparecendo as espécies nativas e também aquelas que desempenham funções importantes do ecossistema, por exemplo, sua função como dispersores de sementes.”
A situação é tão preocupante que a pesquisa estima que as espécies de anfíbios começam a ser ameaçadas quando menos de 10% de seu habitat é plantado com eucalipto. Já em pássaros, a diversidade é prejudicada quando 20% dessa área original de floresta é perdida para as plantações.
De acordo com Ernst, rãs e sapos são ameaçados mais rápido pois têm menor facilidade de encontrar novos habitats do que as aves. Embora as espécies não necessariamente desapareçam e novas comunidades surjam, ainda não se sabe qual preço poderá cair sob o ecossistema como um todo.
“A atual política ambiental brasileira leva ao fato de que esse ecossistema de vital importância estará sujeito a mudanças profundas e irreversíveis no longo prazo – as consequências para os humanos e a natureza são difíceis de prever. Portanto, pedimos para [o governo] redefinir os limites ambientais, a fim de proteger essas áreas valiosas”, clama o pesquisador.
Por Galileu
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