Cientistas identificam 71 novas espécies de plantas e bichos em 2019
Pesquisadores de todo o mundo, associados à Academia de Ciências da Califórnia, nos Estados Unidos, adicionaram 71 novas espécies de plantas e animais à lista de fauna e flora que são conhecidas. No total, são 17 peixes, 15 lagartixas, oito plantas com flores, seis lesmas do mar, cinco aracnídeos, quatro enguias, três formigas, três escíncidos, duas raias, duas vespas, dois musgos, dois corais e dois lagartos.
As descobertas ocorreram nos cinco continentes e em três oceanos. De acordo com Shannon Bennett, chefe da Academia de Ciências da Califórnia, estima-se que mais de 90% das espécies da natureza continuam desconhecidas. “Uma rica diversidade de plantas e animais é o que permite que a vida em nosso planeta prospere: a interconectividade de todos os sistemas vivos fornece resiliência coletiva diante da crise climática”, comentou, em nora. “Cada espécie recém-descoberta serve como um lembrete importante do papel crítico que desempenhamos na melhor compreensão e preservação desses preciosos ecossistemas.”saiba mais
Terry Gosliner, curador de zoologia de invertebrados da Academia, descreveu algumas das novas lesmas, como a Madrella amphora, que consegueimitar ovos de caracol.
“Confirmamos recentemente, por meio da genética, que lesmas do mar imitam as cores de outras espécies, mas é raro ver lesmas do mar imitando completamente outros animais”, disse Gosliner.
Entre as 17 novas espécies de peixes, está a Siphamia arnazae, de Papua Nova Guiné. Pequeno, o peixe possui olhos com uma “faixa preta” no meio. Há também o Cirrhilabrus wakanda, peixe que foi nomeado em homenagem à cidade Wakanda, do filme Pantera Negra.
Frank Almeda, especialista em botânica, descreveu uma planta rara de flor branca, Trembleya altoparaisensis, com base em vários espécimes coletados há mais de 100 anos pelo explorador Auguste François Marie Glaziou (1828-1906).
“As pessoas não pensam que as plantas se movem, mas quando um ambiente muda, elas vão para as áreas que melhor lhes convêm”, explicou Ricardo Pacifico, estudante de doutorado que trabalha com Almeda e é pesquisador visitante da Academia de Ciências da Califórnia.
Em uma expedição recente ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Pacifico conseguiu rastrear um espécime vivo de Trembleya altoparaisensis. “Certamente, os parques nacionais são protegidos, mas devemos garantir que sabemos o que cresce nesses parques”, enfatizou Almeda.
David Ebert, especialista em ictiologia (ramo de estudos de peixes), encontrou nas Ilhas Malvinas um novo animal aquático (Dipturus lamillai), que pertence à família de raias Rajidae. Segundo ele, a pesca local pode estar acabando com essa espécie – na Coreia, é comum o consumo de Dipturus chilensis, bicho parecido com D. lamillai, e Ebert acredita que os pescadores estão se confundindo.
O pesquisador Aaron Bauer descreveu 15 lagartixas, três escíncidos (répteis parecidos com lagartos), um lagarto laranja e um lagarto da espécie Cordylus phonolithos. Ele recomendou que esses bichos sejam listados como ameaçados de extinção, visto que são microendêmicos – ou seja, encontrados em uma faixa geográfica extremamente pequena.
No caso do escíncido Kuniesaurus albiauris, formigas invasoras já destruíram o habit natural da espécie na Nova Caledônia, território francês que fica no Oceano Pacífico. “Se não explorarmos habitats isolados, perderíamos uma grande parte da biodiversidade exclusiva dessas regiões”, disse Bauer.
Gary Williams, curador de zoologia de invertebrados, identificou duas novas espécies de corais do Santuário Marinho Nacional do Cordell Bank, na Califórnia. Uma delas é a Chromoplexura cordellbankensis.
Darrell Ubick, assistente de entomologia (estudos de insetos), descobriu uma nova família de “aranhas adoradoras de formigas”. Segundo eles, os bichos passam a maior parte do tempo no subsolo em formigueiros, embora não se saiba exatamente o porquê. “A única maneira de ver o que eles estão fazendo é desenterrá-los. Mas aí não estarão mais em seu estado natural”, comentou. Durante uma expedição no deserto de Chihuahua, no México, cientistas conseguiram observar a espécie em estado selvagem, mas seu comportamento subterrâneo permanece um mistério.
Para conferir a lista com as 71 novas espécies, é preciso enviar um e-mail (em inglês) para a Academia de Ciências da Califórnia: press@calacademy.org
Por Redação Galileu
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